Avançar para o conteúdo

BRINQUEDO NORDESTINO

Mamulengo é o nome do Teatro de Bonecos Popular em Pernambuco. Em outros estados do Nordeste brasileiro, essa tradição tem nomes diferentes e características regionais: Babau, João Redondo, Cassimiro Coco e Calunga. O Teatro de Bonecos Popular do Nordeste é reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do país.

Em Pernambuco os bonecos e as bonecas são feitos tradicionalmente em madeira, sendo o mulungu a mais comum por sua leveza e resistência. Hoje em dia, um material usado por muitas pessoas também é o papel machê. Existem ainda, bonecas de pano. As figuras ganham movimento, voz e vida, quando animadas dentro de uma tolda, por uma ou mais pessoas, chamadas de mamulengueiras e mamulengueiros. A tolda, também conhecida como torda, empanada e barraca, é o cenário do mamulengo.  É uma barraca que pode ser feita de metal ou madeira, coberta de tecido, ou apenas um tecido esticado que esconde o corpo de quem brinca, deixando visíveis ao público apenas as mãos que manipulam os bonecos de vara, de luva e as bonecas de pano. 

Na tradição, a brincadeira é acompanhada por músicos e pelo Mateus, figura presente em muitas brincadeiras populares do Nordeste. No mamulengo, é a figura fora da tolda que tem a função de mediação e interlocução entre bonecos e público e pode ser feita por qualquer pessoa, independente do gênero. Muitas vezes também é instrumentista e canta. O público interage bastante com as personagens, criando um teatro com improviso e muitas risadas. Quem faz a brincadeira há muito tempo e ensinou outras pessoas a construir boneco e/ou a brincar, pode receber título de mestre ou mestra pela sua comunidade. O mamulengo é transmitido oralmente, passado de geração em geração, e tem sido preservado por brincantes em todo o país. Nas cenas, são relatadas o cotidiano humano e as relações sociais, o trabalho e a festa, principalmente no meio rural nordestino. Animais e seres fantásticos também estão muito presentes nesse teatro de bonecos popular.

Caso tenha interesse em conhecer mais, clique nos links abaixo e acesse as edições online das revistas Moin-Moin e Mamulengo, onde foram publicados alguns textos sobre o boneco popular nordestino, além de muitos materiais sobre o teatro de animação em geral. Segue também uma lista com parte da bibliografia disponível sobre o Mamulengo e o Teatro de Bonecos Popular do Nordeste:

BIBLIOGRAFIA:

BEZERRA, Rodrigo Sávio de Andrade. Mestre Solon e o mamulengo Invenção brasileira. Ed. do Autor. Carpina, 2021.

BORBA FILHO, Hermilo. Fisionomia e espírito do mamulengo. Ed. Brasiliana. São Paulo, 1966.

BROCHADO, Izabela C. O Mamulengo e as Tradições Africanas de Bonecos. In: Móin-Móin (UDESC), v. 2. Florianópolis, 2006.

GOMES, José Bezerra. Teatro de João Redondo. Fundação José Augusto. Natal, 1975.

GURGEL, Deífilo. João Redondo: teatro de bonecos do Nordeste. Ed. Vozes e UFRN. Rio de Janeiro, 1986.

GURGEL, Deífilo. O reinado de Baltazar: teatro de João Redondo. Fundação Cultural Capitania das Artes. Natal, 2008

LIMA, Jadiel. Gilberto Calungueiro: se esse boneco falasse. Expressão Gráfica. Fortaleza, 2019.

OLIVEIRA, Gleydson de Castro. O negro no teatro de bonecos: das tradições africanas ao Teatro Popular de Bonecos do Brasil in Kwanissa: revista de estudos africanos e afro-brasileiros. UFMA. São Luis, 2020.

PEREIRA, Maria Cavalcanti de. Dadi e o teatro de bonecos: memória, brinquedo e brincadeira. Fundação José Augusto. Natal, 2011.

PIMENTEL, Altimar de Alencar. O Mundo mágico de João Redondo. Fundação Nacional de Artes Cênicas. Rio de Janeiro, 1988.

SANTOS, Fernando Augusto Gonçalves. Mamulengo: um povo em forma de bonecos. FUNARTE. Rio de Janeiro, 1977

SIQUEIRA, Maria da Conceição Acioli de. Quando pirilampos desafiam faróis: um estudo sobre a atualidade das tradições brasileiras do teatro de bonecos. USP. São Paulo, 2001.